Ricardo Oliveira, de 48 anos, é um sobrevivente de cancro no intestino, diagnosticado no ano passado nos Estados Unidos. Após um exame de rotina, feito por iniciativa da sua médica, foi possível identificar o tumor numa fase inicial. Ricardo, que agora reside em Portugal, partilha a sua história de sucesso para sensibilizar a população para a importância dos rastreios aos tumores digestivos. "Fiz o exame por descargo de consciência. Deu positivo e falei logo com o gastrenterologista. Este cancro não apresenta indícios até ao momento em que está muito mal", sublinha.
O cancro digestivo é uma das principais causas de morte no país, sendo que o esófago, estômago, pâncreas, fígado, cólon e reto são os órgãos mais afetados. Pedro Narra Figueiredo, presidente da Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG), reforça que "em Portugal, um terço de todos os cancros são do aparelho digestivo", destacando a importância de médicos de Medicina Geral e Familiar disporem de tempo e recursos suficientes para detetar sinais de alarme.
Entre os sintomas que devem motivar a realização de exames complementares estão alterações dos hábitos intestinais, perda de sangue, anemia e dores abdominais. “nem todos os cancros digestivos são preveníveis, mas alguns são", defende o presidente.
Vítor Neves, presidente da Europacolon Portugal – Associação de Apoio ao Doente com Cancro Digestivo, aponta que o poder político pode fazer mais, sobretudo na implementação de rastreios eficazes, que envolvam e informem a população. Segundo o presidente, as pessoas aderem ao rastreio quando bem informadas, exemplificando com uma ação realizada em Lisboa que registou uma adesão de 75 % ao rastreio do cancro do intestino.
Apesar das recomendações da Comissão Europeia para a adoção de novos rastreios populacionais, nomeadamente ao pulmão, gástrico e próstata, o tema tem permanecido estagnado em Portugal. “Estas são doenças que se podem evitar e que, encontradas num estadio muito inicial, têm solução. Era normal que os decisores em saúde em Portugal mudassem a mentalidade e o chip e adotassem de facto a prevenção e o diagnóstico precoce como uma das prioridades de saúde em Portugal”, conclui Vítor Neves.
Hoje, 30 de setembro, por ocasião do Dia Nacional do Cancro Digestivo, a Europacolon Portugal organiza uma ação de sensibilização na gare do Oriente, em Lisboa. Além disso, está em curso um programa de rastreios gratuitos de pesquisa de sangue oculto nas fezes em 61 farmácias do país, destinado a pessoas com mais de 50 anos.
Fonte: Lusa