Esta técnica inovadora é menos invasiva do que o procedimento tradicional de craniectomia descompressiva, utilizado em doentes com hipertensão intracraniana refratária. A nova abordagem promete reduzir complicações, diminuir o tempo de ventilação e melhorar significativamente o prognóstico de pacientes com lesões cerebrais graves.
Em 2022, uma equipa composta pelos neurocirurgiões Pedro Barros, Pedro Branco e Inês Ramadas, usou este procedimento pela primeira vez, tendo sido usado como complemento de uma craniectomia descompressiva. Contudo, o verdadeiro avanço deu-se em julho de 2024, quando foi realizada a primeira cisternostomia basal, como procedimento único, por uma equipa liderada pelos neurocirurgiões Pedro Barros e Gonçalo Novais, e constituída também por anestesista, enfermeiros e assistentes operacionais.
Esta intervenção inovadora foi realizada no Bloco Central do Hospital São José, num doente jovem, com prognóstico muito reservado, vítima de acidente de viação grave, e em que não era possível controlar a pressão intracraniana apenas com terapêutica conservadora.
Após a cirurgia, ao cuidado da Unidade de Cuidados Intensivos (UCI) Neurocríticos e posteriormente da unidade de internamento do serviço de Neurocirurgia, que tem uma longa tradição no tratamento de excelência de doentes traumatizados de crânio, o doente iniciou um processo de recuperação notável, encontrando-se agora em reabilitação intensiva na unidade de Medicina Física e Reabilitação do Hospital Curry Cabral, num quadro capaz de comunicar eficazmente e sem claros défices motores.
De acordo com a ULS São José, este avanço na área da Neurocirurgia traduz-se numa nova esperança para doentes que de outra forma poderiam não sobreviver e uma alternativa a um procedimento associado a vários inconvenientes entre os quais uma deturpação estética importante, e que, muitas vezes, acarreta a necessidade de múltiplas cirurgias posteriores.