A depressão é uma doença mental frequente, associada a um grande impacto na saúde e a principal responsável por anos de vida com doença. Trata-se de uma perturbação psiquiátrica que afeta cerca de 280 milhões de indivíduos em todo o mundo. Portugal é o segundo país da Europa com maior prevalência de doenças psiquiátricas e o número crescente de indivíduos afetados estima-se nos 700 mil portugueses.
Contudo, e apesar do seu mais recente “destaque mediático”, a depressão continua associada ao estigma, à desinformação e a mal entendidosmal-entendidos sobre as suas causas, que levam a dificuldades em reconhecer os sintomas e atrasam retardam a procura dos cuidados de saúde mental.
Como a depressão não é uma doença de “tamanho único”, pode assumir várias formas e a experiência de adoecer com depressão pode ser diferente para cada indivíduo. É uma patologiadoença que surge da interação complexa de múltiplos fatores de natureza social, psicológica e biológica. Sabemos, por exemplo, que as mulheres são mais afetadas do que os homens e que as populações desfavorecidas ou migrantes também apresentam maior risco de depressãodoença. Indivíduos que enfrentaram experiências adversas de vida, como situações de abuso ou maus tratos, eventos traumáticos, desemprego ou maior desfavorecimento socioeconómico têm também maior probabilidade de desenvolver depressão. Do mesmo modo, a presença de história familiar de depressão, múltiplas doenças médicas ou situações de dor crónica são exemplos de outros fatores que aumentam este risco. Assim, torna-se claro que a depressão surge como o resultado de vários fatores, nem sempre evidentes ou reconhecíveis pelo próprio.
As suas várias apresentações englobam a tristeza profunda, o desânimo, a perda de interesse e prazer pelas atividades prévias ou, até mesmo, pela vida. Podem surgir alterações no sono e no apetite, dificuldades da atenção e concentração, episódios de choro frequentes e fadiga marcada. O seu surgimento é habitualmente progressivo, com um sofrimento crescente que se associa a impacto no funcionamento habitual do indivíduo afetado – a depressão é uma doença incapacitante e com elevada angústiao sofrimento.
Por este motivo, o tratamento da depressão é absolutamente fundamental. Podem ser prescritos fármacos, psicoterapia, eletroconvulsivoterapia e/ou combinações destes métodos de tratamento. O tratamento deve englobar também boas práticas de saúde mental e física como a alimentação saudável; a prática regular de exercício físico; uma boa higiene de sono; a manutenção da vida social, relacional e sexualidade do doente; e a necessidade de assegurar atividades com significado para o indivíduo, capazes de lhe trazer satisfação e proveito. O medo do diagnóstico e, muitas vezes, do tratamento atrasa a procura dos cuidados. Contudo, importa educar para a saúde e corrigir mitos errados sobre o seu tratamento, que é eficaz e permite devolver a pessoa a um estado de saúde e bem-estar fundamental.
As representações da depressão nos media podem contribuir para o estigma e a desinformação relativa à saúde mental ou podem ter um papel diametralmente positicopositivo e ajudar a quebrar o silêncio, promover a compreensão, educar a população e incentivar à procura de ajuda. As campanhas de sensibilização dirigidas à importância da saúde mental, em particular da depressão, cumprem um papel importantíssimo junto dos cidadãos: permitem aumentar e clarificar a informação relativa à depressão; elucidar sobre os vários sintomas e sinais que podem surgir; compreender como podem afetar as várias faixas etárias e de que modo a depressão se pode relacionar com determinadas experiências e etapas de vida. Permitem Possibilitam, ainda, conhecer a realidade dos profissionais que contactam e integram o tratamento da doença, enquanto se promove o reconhecimento dos sintomas e a procura de ajuda nos cuidados de saúde mental.
Reconhecendo esta importância da atuação na saúde mental, a Lundbeck Portugal lançou, em 2021, a campanha e podcast “Depressão sem Rodeios”, com o objetivo de sensibilizar e combater o estigma associado a esta doença, bem como informar e clarificar a população sobre um problema de saúde que afeta milhares de portugueses.
Em 2023, surge uma segunda fase desta campanha dirigida à população portuguesa, intitulada “Questionar é Elemental”, onde ao longo de 8 episódios, se aborda novamente a depressão de uma forma clara, informada e descontraída.
Num novo formato visual, o talk-show pretende estimular a discussão acerca desta patologia entre profissionais de saúde, doentes e sociedades médicas enquanto se exploram temas como a importância da depressão na comunidade académica, a depressão no fim de vida, o papel dos enfermeiros de saúde mental, o impacto da depressão na cognição e a relação entre esta doença e a sexualidade ou a política. De forma muito importante, a campanha traz ainda a experiência vivida da depressão e permite conhecer o testemunho real de quem lidou com esta doença na primeira pessoa.
Em suma, a discussão sobre a depressão e o seu tratamento é um compromisso relevante, premente e atual, que deve fazer parte da educação para a saúde de todos os cidadãos e ajudar a diminuir o impacto incomensurável desta perturbação psiquiátrica, tornando- a depressão num tema acessível a todos.